quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Tsunami feminista

Cláudia Rodrigues  




 
Se foi o tempo da primeira, da segunda, da terceira onda do feminismo. São muitas ondas, a maré subiu e abarca todas.
Vamos brincar de #niunamenos?
Então é assim pessoal, se as mulheres da Igreja resolvem vender panos de pratos e se dizem feministas, elas são porque são mulheres.
Se a Deneuve se junta com outras senhoras e lança um manifesto para descriminalizar o assédio porque veem nisso um retrocesso moralista, elas são feministas, porque são mulheres, não por terem ou não razão.
Oprah Winfrey conseguiu na última semana juntar quase uma unanimidade de mulheres a ouvi-la? Melhor, perfeito, mas sempre lembrando que o importante é a junção, não a razão.
Se existe feminismo pré parto humanizado e doméstico, existe feminismo nas mulheres que se juntam pelo direito de ter cesariana, apenas porque são mulheres, não por terem ou não razão.
Existe feminismo na micropolítica, dentro de casa, na família e na macropolítica, o feminismo maior, político, acadêmico, jurídico, internacional e ideológico. Há as que sobreacoplam ambos, as que os grudam simbioticamente e as que separam mais ou menos e todas são feministas, porque são mulheres falando de suas dores de opressão e liberdade atávicas, não por terem ou não razão.
Existe feminismo com maternidade consciente e inconsciente, feminismo pela não maternidade e até feminismo free kids porque se tem mulher se juntando por direitos e por cura de machucados ancestrais, tem feminismo. Juntou quatro manas na esquina para falar das coincidências dolorosas da vida histórica de opressão, é feminismo, é evolução, não por terem ou não razão.
Se as manas odeiam machos está bem, tem feminismo, se não odeiam, se não vivem sem, está bem também, se não odeiam nem amam, não importa, os homens não são o centro da questão.
O feminismo está passando na sua casa, subiu o morro, a torre, o predinho, o pátio, está na boca das adolês, está no funk, na prosa e no verso, está na música, na arte e não tem só meia dúzia de corpos definidos ou de verdade única, não há consenso, só a diversidade de todas as manas de todas as idades, credo e cor sem ofensa, sem essa de eu é que sei, sem essa de ordem de chegada.

Niunamenos tem que ser de verdade, de coração aberto. 

E sim,  com amor e sem culpa, feministo não entra no clubão.












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